Como já vim falando em postagens passadas, quem opta pelo cabelo natural costuma ter como principal demanda o crescimento dos cabelos. Todo mundo sonha em ter um cabelo encaracolado, crespo, encarapinhado longo, batendo no meio das costas (ou quem sabe na cintura!).Só que a obtenção de um cabelo comprido é um daqueles assuntos onde a expectativa geralmente não corresponde à realidade. Primeiro porque muitas meninas idealizam um tipo de cabelo que não é aquele que de fato elas possuem – e por isso, ele não vai se comportar do jeito que elas esperam. Em segundo lugar, nem todo mundo sabe o que é o cabelo e como ele "funciona". Desconhecendo os mecanismos de crescimento capilar, muitas recorrem a estratégias ineficazes, duvidosas e muitas vezes perigosas para a saúde.
Por conta disso tudo, resolvi fazer um apanhado de informações que tenho visto em sites e blogs confiáveis sobre crescimento de cabelos, principalmente os nossos crespos e encarapinhados. Senta que lá vem história!O que é o cabelo?
O cabelo, assim como as unhas e a camada mais externa da nossa pele, é composto basicamente por uma proteína chamada queratina. Cada fio de cabelo possui três camadas:
Medula – a parte mais interna, encontrada somente em fios mais grossos.
Córtex – esta camada intermediária proporciona tanto a resistência ao fio quanto sua cor e textura.
Cutícula – camada mais externa do fio de cabelo, é composta por diversas “escamas”, organizadas de forma sobreposta, como telhas em um telhado. A cutícula serve como proteção ao córtex e à medula, impedindo que a umidade saia do interior do fio, mas também evita a penetração excessiva de água, óleo ou outras substâncias. Em outras palavras, a cutícula é o “escudo” do fio, que impede que este receba as agressões externas, ainda que para isso ela própria as sofra e seja a primeira parte a ser danificada.
No interior do seu couro cabeludo está a raiz do cabelo, que entra em contato com a corrente sanguínea e recebe os nutrientes necessários para o nascimento e crescimento do fio. Uma vez que o fio de cabelo “nasce” ele não mais é alimentado por estes nutrientes, logo o cabelo é um tecido morto. Ele não irá se regenerar como a pele, por exemplo: os danos sofridos serão permanentes.
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As camadas do fio de cabelo
O ciclo de crescimento do cabelo
Os fios de cabelo possuem um ciclo de crescimento. Ele acontece de forma individual: cada fio está em um desses estágios, independentemente dos demais – do contrário, ficaríamos periodicamente carecas! Este ciclo pode ser dividido em três fases:
Anágena – é a fase de crescimento do fio. A maior parte dos nossos fios (cerca de 80%) costuma estar neste estágio. Ela tem uma duração que varia de um a seis anos.
Catágena – esta fase dura cerca de duas semanas e compreende o período em que o folículo capilar regride e se prepara para encerrar o ciclo de crescimento do fio ao qual está ligado.
Telógena – é a fase final, em que o fio de cabelo antigo para de crescer e cai, para dar lugar a um novo fio que começa a nascer em seu lugar.
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Diagrama com as fases de crescimento do cabelo Original em inglês
- A taxa de crescimento dos cabelos e a duração das fases de seu ciclo de crescimento são determinadas pela genética.
- Em geral, o cabelo cresce cerca de um (1) centímetro ao mês. Alguns estudos mostram que os cabelos de indivíduos de ascendência africana crescem levemente abaixo desta média, enquanto que os cabelos de pessoas com ascendência asiática crescem levemente acima e os de origem caucasiana ficam mais próximos desta média.
- Considerando que a fase de crescimento do fio dura de um a seis anos, nossos cabelos podem atingir um comprimento terminal que varia de pouco menos de 12 cm a um pouco mais de 70 cm.
- Todos os cabelos crescem. A não ser que você possua uma doença grave ou deficiência nutricional severa que impeça o funcionamento adequado do seu corpo, seu cabelo continua crescendo todos os dias.
- Mas existem diferenças no comprimento terminal que um cabelo pode atingir, dependendo da duração da fase anágena (de crescimento) dos fios. Quanto mais longa a fase anágena, mais comprido poderá ser o cabelo.
Existe algum produto que altere o ciclo de crescimento capilar?
A resposta é NÃO. Não existem óleos, vitaminas, remédios que façam nosso cabelo crescer mais do que a genética permite de forma segura e saudável.
Tanto os óleos vegetais aplicados diretamente nos fios e no couro quanto as vitaminas e minerais que devem ser ingeridos de forma balanceada através de uma alimentação saudável contribuem para a manutenção do perfeito funcionamento do seu organismo, o que inclui suas unhas e cabelos. Eles ajudam seus fios a crescerem fortes e resistentes, da maneira que devem ser, mas não aceleram o seu crescimento.
Certos suplementos alimentares (vitaminas e minerais extras) auxiliam no tratamento de quedade cabelo, ou seja, eles ajudam o organismo a se regular e funcionar de forma normal (pois cabelo caindo em excesso não é normal!) . Mas o fato de eles serem tratamento para queda não os faz serem uma solução para a aceleração do crescimento. Na verdade, determinadas vitaminas em excesso podem fazer o cabelo cair.
Tônicos capilares, tanto os industrializados quanto as receitas caseiras talvez só proporcionem um efeito placebo. Os tônicos devem conter provavelmente substâncias fortalecedoras dos bulbos capilares e dos fios, e não necessariamente que estimulem seu crescimento. Se fosse assim, todo mundo teria um cabelo na cintura, e sabemos que não é exatamente assim que as coisas acontecem no mundo real...
Remédios só devem ser usados com prescrição médica e para aquilo a que foram destinados. Se você é humano, NÃO deve usar remédio de cavalo. Você também NÃO deve tomar hormônio de forma indiscriminada, sem acompanhamento médico.
“Mas o meu cabelo não cresce!”
Existe uma diferença entre taxa de crescimento e retenção de comprimento. A taxa de crescimento é aquela que falei mais acima, que costuma girar em torno de um centímetro/mês. É o tanto de cabelo que você vê saindo do seu couro cabeludo e exige que faça retoques da coloração ou alisante, por exemplo. Retenção de comprimento é outra história... Ela não diz respeito propriamente ao cabelo que nasce, mas ao cabelo que permanece. Como assim?
O nosso cabelo fica exposto a diversos fatores que causam danos à cutícula dos fios e, portanto, contribuem para a quebra. Não só alisamento, relaxamento, tintura: as agressões vão desde a manipulação rotineira (e necessária!) ao lavar, desembaraçar e pentear, passando pelos fatores externos como vento, poeira, sol, até àquelas coisas que não damos importância, como sentar na cadeira e o cabelo prender no encosto, o atrito das pontas dos cabelos nos nossos ombros ou na nossa roupa, as alças das bolsas e mochilas que prendem os fios... Enfim, quase tudo é, em maior ou menor grau, um possível gerador de danos aos cabelos.
Nós sabemos que o cabelo é um tecido morto, ou seja, ele não se regenera sozinho como a nossa pele, que é vascularizada e, quando machucada, cicatriza. O cabelo é como nossas unhas: quando descamam ou quebram, não resta outra solução a não ser aparar e deixar crescer novamente. Portanto, todos os danos causados aos fios são cumulativos e permanentes, até que o fio de cabelo não resista mais e se parta.
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Com a cutícula destruída e o córtex exposto, este fio provavelmente irá se romper na região danificadaPois imagine quantas vezes na vida nós não temos que lavar, pentear, prender, soltar os cabelos, encostar em cadeiras, botar a mochila nas costas ou a bolsa nos ombros... Se tudo isso pode danificar os fios, imagine o tanto de agressões às quais eles já não foram expostos? É por isso que sempre gosto de destacar que as pontas são a parte mais antiga e por isso a mais frágil dos cabelos, já que elas estão encarando todos esses fatores negativos a muito mais tempo do que aquela parte do cabelo que acabou de nascer e está mais próxima à raiz.
Agora a gente lembra quando reclamava “mas o meu cabelo não cresce!...”. Sim, ele cresce! O que deve estar acontecendo é que, diante dos fatores causadores de danos do dia a dia, o cabelo simplesmente não consegue manter sua integridade e, lentamente, de forma quase imperceptível, ele vai se desgastando nas pontas na mesma proporção em que nasce na raiz. Aquele centímetro que você demora um mês para ganhar lá em cima, junto ao seu couro cabeludo, se perde ao longo deste mesmo mês nas pontinhas – lembre-se que elas são mais frágeis, já estiveram expostas a tudo isso há muito mais tempo e provavelmente já não contam com uma cutícula perfeita, capaz de proteger o córtex do fio.
Algumas vezes a perda do comprimento é visível a olho nu. Algumas pessoas que penteiam o cabelo seco ficam com centenas de pedacinhos de cabelo nos ombros, normalmente advindos das pontas dos fios. Esses fios quebram justamente em pontos de fragilidade, onde a cutícula está com falhas e o fio de cabelo está menos espesso. Em outros casos, a perda não é notada, no sentido de que mal vemos o tanto de comprimento que estamos perdendo, mas só notamos que "algo" está faltando porque nossos cabelos permanecem "estacionados" em um determinado comprimento.
Se o seu cabelo não pode crescer mais do que a genética determina, você deve focar então em tentar ao máximo manter a integridade dos seus fios para que o crescimento que você obteve seja mantido. E para isso, aqui no blog demos várias dicas como penteados protetores, o método LOC, o uso de óleos vegetais (sim, eu sou repetitiva, mas a repetição é importante!).
Ainda não existe terapia genética para alterar os genes que definem a nossa taxa de crescimento dos cabelos. Por isso, pelo menos por enquanto, a melhor receita é ter paciência, disciplina e curtir cada etapa da sua jornada.
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